Páginas

29/09/2011

Guarda na rota do progresso



Com o fim do projecto do TGV português e depois deste anuncio - da transformação da linha da beira alta em linha de velocidade alta em bitola europeia com ligação Aveiro-centro da europa - ficou claramente consumada a importância estratégica da Guarda e da sua plataforma logística (PLIE) no panorama dos transportes nacionais, em particular da ferrovia.

Esta situação vem reforçar a centralidade ibérica já bem patente na rodovia: quer pela equidistância em relação a Madrid e Lisboa quer pelo no entroncamento da A25,A23 e IP2 que se estendem da região da Guarda em direcção a todos os pontos cardeais, ou seja em direcção a todos os centros urbanos relevantes das regiões vizinhas.

Este é sem dúvida um excelente anúncio para a nossa região em tempos de recessão e sufoco económico.
É pois altura de os órgãos de poder da Guarda se unirem e falarem a uma só voz, interpelando o governo no sentido de ser previsto o cais ferroviário da PLIE nas obras de transformação da ferrovia.

Por outro lado é com estranheza que verificamos a estratégia da CP de "cortar" a ligação entre as linhas da Beira Alta e Beira Baixa, deixando assim a região de Castelo Branco fora da rota europeia de mercadorias. Esta decisão é também estranha, se pensarmos que ela permitiria "bascular" tráfego ferroviário proveniente do sul...

21/09/2011

Assaltado o Intermarché da Guarda

Hoje de madrugada 3 larápios entraram no Intermarché com recurso a grande violência, o objectivo era o recheio da ourivesaria. (Ver vídeo abaixo)

«Uma ourivesaria localizada no interior de um supermercado na cidade da Guarda foi assaltada na madrugada desta quarta-feira, por três indivíduos que utilizaram uma viatura para entrar nas instalações, informou fonte policial.





De acordo com a PSP da Guarda, o assalto ocorreu cerca das 04:00, tendo os suspeitos, «com a ajuda de uma carrinha, rebentado as portas do supermercado Intermarché e o gradeamento da ourivesaria, levando todos os relógios e artigos em ouro que estavam nos expositores».A PSP está a investigar o assalto, sendo o valor dos danos e dos objetos furtados «desconhecido», disse a fonte. 

Paula Ferreira, proprietária da Ourivesaria Filipe, disse à Lusa que o valor do assalto «ainda não está calculado». Os assaltantes «levaram relógios caros e ouro. Levaram a maior parte do ouro [que estava no estabelecimento], tendo deixado apenas meia dúzia de artigos». 
A proprietária acrescentou que os assaltantes «retiraram os artigos da montra» e «partiram tudo» no interior da loja.

Os autores do assalto destruíram a porta da entrada do supermercado e dirigiram-se com a viatura, percorrendo cerca de 40 metros, até à montra da ourivesaria, protegida por um gradeamento, que rebentaram com a traseira do veículo, contou Manuel Sampaio, segurança do supermercado. Relatou que após ter sido alertado pela central de alarme, quando chegou ao local, «estava tudo no chão, tudo partido».Segundo este segurança, «pelas imagens de video-vigilância, entraram com um carro e partiram tudo», num assalto que terá sido praticado em «quatro minutos».

 A visualização das imagens permite concluir que «eram três pessoas» e «dava aspecto de virem armados e com a cara tapada», acrescentou.O edifício do Intermarché sofreu danos nas portas de vidro da entrada e interiores e ao nível de eletrodomésticos que estavam no acesso à galeria comercial. Apesar do assalto, o estabelecimento está a funcionar normalmente, embora a PSP tenha vedado o acesso pela entrada principal.»

in: TVI24 (21/09/2011) / FOTO: EPA / Video: RTPi

17/09/2011

Cristiano Ronaldo testado ao limite (documentário completo HD)

Antes ainda de estrear na TV portuguesa, aqui  deixamos - para o deleite dos nossos leitores - o documentário «Cristiano Ronaldo testado ao limite» neste caso na versão original em inglês.

1/4


2/4


3/4


4/4

Calhau pontíficio ameaça árvore centenária na Covilhã

Papa João XXIII (Homo sapiens)
Recebi por mensagem (anónima) um interessante link para um documento que a ser verídico - e tudo faz supor que o é - se torna também bastante humorístico.

Explico o episódio nas linhas seguintes, e além disso deixo-vos também um visualizador do documento em questão, para que melhor possam apreciar as diligências a que as nossas autoridades se prestam e do seguimento da coisa.

Lariço (Larix decidua)
Trata-se do estranho caso este de uma pedra que ameaça a sobrevivência de um lariço centenário. É que devido às santificadas semelhanças do rochedo com o falecido Papa João XXIII - quando vista de um certo ângulo - há quem congemine abater a árvore de maneira a desimpedir as vistas, nem que para isso seja necessário fazer uma livre interpretação da lei e pedir pareceres meramente retóricos às demais autoridades.

De um lado os devotos do Senhor - o apelidado "denunciante" e a GNR da Covilhã - e do outro o adepto  do mafarrico - proprietário da árvore e dos terrenos (radicado em Angola (?)) - que não ficou pelos ajustes e lhes quer travar os pios intentos.
É caso para dizer que fenómenos destes só mesmo na Covilhã...

Papa ameaça arvore_b

Ficamos pois a saber que aqueles terrenos têm auxiliado de sobremaneira à natalidade na Covilhã, no espírito bíblico do crescei e multiplicai-vos. Neste sentido parece-nos que os dois tipos de excursionismo referidos - o religioso e o procriador - poderão não ser totalmente incompatíveis desde que se estabeleçam horários para cada actividade.
Quanto à árvore, não será melhor deixa-la em paz, tal como é desejo do seu proprietário?

Ainda bem que fizeram cópias em quintuplicado, sem elas esta pérola nunca teria chegado até nós - bem haja pois a precaução dos acautelados.

02/09/2011

Negócios Foscos

«A história conta-se em poucas palavras. O Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde da Guarda (que integra hospital e centros de saúde do distrito) autorizou uma empresa privada de serviços médicos de oftalmologia a realizar, nesses centros de saúde, rastreios à visão para despiste das principais causas de cegueira. A empresa em questão (M.A. Dias dos Santos, Lda) tem como sócio-gerente o director do serviço de oftalmologia do hospital da Guarda (M. A. Dias dos Santos, dr).

Em resumo, aquilo que o director de um serviço não faz no seu hospital público, põe a sua empresa privada a fazer e a administração do hospital aprova e aplaude. Como deputado, questionei o Governo sobre esta estranha situação e o jornal Público disso deu notícia. Até hoje, nem o Governo respondeu, nem a administração da ULS disse fosse o que fosse.
Apenas o promotor dos rastreios se queixou quer da notícia quer das minhas perguntas. E para que não se tome por igual aquilo que é diferente, diga-se que quem se queixou foi o director da oftalmologia e não o sócio-gerente da empresa. O que tem a sua lógica: que razão levaria uma empresa privada a queixar-se de ser chamada por um hospital público? Em geral, esse é o maior desejo de qualquer privado.

De que se queixa o director da oftalmologia? De ter tido necessidade de recorrer a uma empresa privada para fazer um rastreio que o hospital e os centros de saúde deviam fazer, consumindo, mais uma vez, recursos públicos para pagar a privados? Não, disso o director não se queixa. Aliás nem podia porque, segundo consta, a empresa M.A.Dias dos Santos não cobrou nada ao hospital do director M.A.Dias dos Santos. O próprio confessa ter sido um “serviço cívico”, isto é, uma borla desinteressada, altruísmo em estado puro: o director M.A.Dias dos Santos reconheceu a necessidade, o sócio gerente M.A.Dias dos Santos comoveu-se e o rastreio fez-se.

O director queixa-se pelo sócio gerente, chorando as dores deste que é o mesmo que aquele. Porque, apesar das suas boas intenções, acusam malevolamente a empresa de que é sócio gerente de ser “proprietária, sócia ou de qualquer forma associada de quaisquer ópticas existentes no país”, afirmação que desmente.

Diga-se que aquela empresa não é nem podia ser proprietária ou sócia de lojas de óptica porque, em Portugal, é proibida qualquer relação societária ou equivalente entre quem faz oftalmologia e quem vende óculos e lentes. Mas, claro, não se pode exigir que a lei impeça ou previna simples coincidências.

Primeira coincidência: em 5 localidades - na cidade da Guarda, em Trancoso, Sabugal, Pinhel e Belmonte – há 5 lojas da mesma rede de ópticas, “Óptica Lince, SA”, passe a publicidade. Nessas mesmas localidades – por vezes na mesma rua – funcionam 5 consultórios da empresa de serviços médicos de oftalmologia M.A. Dias dos Santos, Lda. Segunda coincidência: na gerência da Óptica Lince está a esposa de M.A.Dias dos Santos. Sem bigamia: para este efeito, director e sócio gerente são a mesma pessoa.

Em resumo: quem decide o rastreio e quem o realiza, quem prescreve os óculos e quem os vende, é tudo da mesma família. Só não vê quem não quer ver. Não é preciso pôr óculos para ver que isto não está certo e que este cruzamento de interesses colide com os princípios e as boas práticas dos serviços públicos de saúde.

Este caso é um caso mas, infelizmente, não é único. O SNS está poluído por promiscuidades em tudo semelhantes. Degradam a qualidade dos serviços e promovem o despesismo. Eliminá-los favoreceria a sustentabilidade financeira do SNS e evitaria muitos dos cortes que o governo está a fazer e que afectam a capacidade do SNS e prejudicam os doentes.

No SNS, contas equilibradas e qualidade assistencial são incompatíveis com o amiguismo nas decisões e a promiscuidade com os interesses privados. O governo exige e promete rigor, seriedade e determinação na gestão da coisa pública. Este caso da Guarda põe à prova a coerência deste discurso.»

POR: João Semedo (BE)
in:  Jornal  Público, 31/8/2011